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Arquitetos: Asa Arquitetos
- Área: 432 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Igor Ribeiro
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Fabricantes: AutoDesk, Carajás, Construeco Tijolos Ecológicos, D'class, Fábrica de moisaicos Mestre Jaime, Madeireira NSF
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto contempla reforma e ampliação de um antigo sonho da família: um refúgio para escapar da rotina urbana. Pensado à luz das necessidades familiares, um espaço que guardasse memórias afetivas a partir da conexão entre a paisagem natural da Chapada do Araripe e a arquitetura. Assim, surgiu a Casa Canta Galo, localizada no sertão rural do município de Missão Velha, estado do Ceará, Nordeste brasileiro, caracterizado por um clima semiárido em grande parte do ano. Essa região representa grande importância ambiental, pela biodiversidade, além de relevâncias histórica e geológica. A cultura popular enraizou-se nesse território guardando memórias do povo sertanejo, representadas, principalmente, pela arquitetura vernacular, com seus alpendres, e como elemento de conexão e trocas sócio-culturais entre as pessoas, o ambiente e a paisagem.
Desta forma, a casa Canta Galo tem como partido o espaço aberto, implantada em um lote cercado por troncos de madeira local e arame, destacando-se com sua volumetria simples na paisagem semiárida.
Definiu-se o alpendre como elemento conector entre o externo e o interno, com volumetria predominantemente horizontal, protegido por dois planos paralelos de cobogós, executados pelo assentamento alternado de tijolo ecológico maciço, também separados por dois planos de brises verticais de madeira, privatizando o espaço e, ao mesmo tempo, protegendo da insolação, sendo capaz de captar os ventos. Os planos de cobogós e os de brises verticais de madeira são intercalados com aberturas que permitem o trânsito aos demais setores da casa.
O eixo central separa o setor social do íntimo. O primeiro, guiado pelo alpendre, direciona o usuário para os demais ambientes: sala que conecta ao setor íntimo, cozinha e apoio deck integrados e com esquadrias que permitem a contemplação da paisagem natural com intervenção dos moradores a partir da inserção de frutíferas no entorno do lote. Destaca-se, neste espaço, o bloco na lateral criado para horta, revestido em ladrilho hidráulico, desenvolvido pelo artesão local Mestre Jaime. O ambiente transmite integração entre familiares e amigos, com um layout generoso e funcional, com possibilidade de futura ampliação.
Do outro lado, acessado pela sala e reservando o ocupante do setor social, o setor íntimo é composto por três quartos, sendo duas suítes. A do casal foi ampliada para que atendesse como morada fixa, criando-se um closet e um banheiro acessível. O terceiro quarto situa-se ao lado do banheiro social.
A coberta foi separada em duas fases: a já existente, preservada e com telha colonial aparente, e o novo telhado, de fibrocimento embutido nas platibandas do alpendre, apoio deck e área de serviço. A pintura em textura branca permite a durabilidade do acabamento na fachada, além de destacar o volume em períodos chuvosos e secos do sertão. O piso neutralizado pela cor concreto traz funcionalidade e estética à arquitetura sertaneja.
Em síntese, procurou-se contribuir para uma arquitetura racionalizada, funcional e com características tipicamente sertanejas, singela em sua forma e materialidade, associada à paisagem local e guardando memórias da cultura popular nordestina, transmitida com o uso dos materiais e técnicas construtivas locais.